terça-feira, 31 de agosto de 2010

Entrevista: Professor Paulo Augusto Nepomuceno Garcia – Professor e secretário de Desenvolvimento Tecnológico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Blog Incubadoras de Minas – Gostaria que o senhor fizesse um balanço sobre esses primeiros dias da missão aqui nos Estados Unidos.

Paulo Garcia – Esses primeiros dias foram muito bons porque nós visitamos experiências muito bem sucedidas, incubadoras de grande sucesso. Nós também visitamos incubadoras que estão inseridas dentro de ambientes altamente produtivos e com grande sucesso, mas que também tem dificuldades de sustentabilidade, como é muito comum no Brasil. Está sendo muito importante observar as diversas experiências para que a gente possa produzir um modelo que seja compatível com a nossa realidade, com os anseios da sociedade, principalmente da sociedade mineira.

Blog Incubadoras de Minas – O que as incubadoras brasileiras precisam desenvolver, que práticas elas devem adotar para crescerem cada vez mais, de repente baseado em algum modelo americano desses que têm sido vistos aqui?

Paulo Garcia – O que eu realmente acho que a gente precisa desenvolver é um maior relacionamento com as estruturas de mercado, as estruturas de financiamento, quer dizer, a gente precisa estar muito próximo do mercado e é muito importante também a gente focar no empreendedor, em políticas de desenvolvimento para o empreendedor. É o que a gente tem observado aqui. As políticas de desenvolvimento sempre têm foco no empreendedor e isso é uma característica que a gente precisa estar sempre alimentando no país. Entender esse processo de como se dá o empreendedorismo, a questão do desenvolvimento de novos negócios, novas tecnologias e ficar sempre observando o empreendedor e incentivando esse processo de desenvolvimento.

Blog Incubadoras de Minas – E em relação ao capital de risco, qual foi a principal diferença detectada em relação ao que acontece no Brasil e o que ocorre nos Estados Unidos?

Paulo Garcia – É sempre muito difícil de identificar realmente onde está o capital de risco, onde estão os investidores de risco, quer dizer, isso nunca é colocado de forma muito clara. O que a gente sente é que existe capital semente em alguns locais e que existem também alguns estados que tem uma política muito mais agressiva, como por exemplo, a gente viu hoje no estado do Texas, em que existe um fundo para desenvolvimento de empresas com novas tecnologias, tecnologias emergentes. Mas ainda assim é muito difícil da gente identificar o comportamento, identificar as fontes de venture capital nos Estados Unidos. Não é muito fácil a gente identificar, mas a gente continua procurando entender o processo, como é feito esse investimento. E isso é um pouco guardado a sete chaves, vamos dizer assim.

Blog Incubadoras de Minas – Em sua opinião, quais são as perspectivas para as incubadoras mineiras nos próximos anos? O que pode e o que deve ser mudado?

Paulo Garcia – A gente observa que os investimentos em política de inovação são investimentos que trazem resultados. A gente pode observar algumas diferenças e consegue enxergar de forma clara que os melhores resultados são observados a partir de iniciativas em que a inovação é o centro da questão. Então, nesse sentido, eu vejo que as incubadoras, tanto aqui nos EUA quanto no Brasil, são de fundamental importância dentro dessas políticas que estão sendo desenvolvidas, são habitats que detém um know-how do desenvolvimento de empresas de base tecnológica. Então eu acredito que cada vez mais as incubadoras vão ser mais importantes nesse processo de desenvolvimento das regiões, do estado de Minas Gerais principalmente.

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