sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Incubadoras mineiras buscam internacionalização

Oportunidades de co-incubação, intercâmbio de incubadoras e internacionalização das empresas mineiras. Estes foram alguns dos temas tratados nas reuniões que os gestores de incubadoras de empresas de base tecnológica de Minas Gerais participaram hoje (27), no Houston Technology Center (HTC) e na Rice University, no estado do Texas.

Quais são os caminhos seguidos pelas incubadoras dos EUA até o mercado, como é o ensino e quais são as estratégias adotadas para estreitar as relações entre as empresas e os investidores, especialmente com o capital de risco e angel, além de várias outras ações para estimular o empreendedorismo?

A universidade Rice, por exemplo, realiza a maior competição de planos de negócios do mundo, com prêmio superior a U$ 1 milhão aos vencedores. A diretora da Rice Alliance, Mary Lynn, solicitou que as incubadoras mineiras possam ser o contato com as universidades em Minas para estimular a participação de projetos brasileiros, já que cada equipe deve ter, pelo menos, um aluno de graduação. A próxima edição será realizada entre os dias 14 e 16 de abril. Segundo Lynn, podem participar empresas de todo o mundo, sediadas em qualquer país e não apenas nos Estados Unidos. "Não é apenas uma competição acadêmica. Empresas de diversos países vem conhecer as tecnologias que disputam o prêmio. São tecnologias reais que mostram que nossos alunos estão realmente engajados em começar um negócio. Já tivemos a participação de 190 times e 97 deles ainda são empresas que estão no mercado", afirmou.

Incubadoras mineiras participam de encontro no gabinete do governador do Texas


A delegação mineira composta por 11 incubadoras de empresas de base tecnológica e representantes do Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Rede Mineira de Inovação (RMI) participaram, nesta quarta-feira (25), de um encontro com o gerente de negócios internacionais do Texas, Amir Mirabi, e com o diretor regional do Texas Emerging Technology Fund, Jonathan Taylor, que apresentou o fundo criado em 2005 que destina recursos para a geração de empresas. 


Segundo ele, hoje o Texas é o estado que mais investe em capital de risco no país. “Não é um dinheiro livre, o estado passa a ser dono da empresa, e às vezes o estado se torna até o sócio majoritário. O capital é muito arriscado”, frisou. Desde o lançamento do fundo, ainda de acordo com Taylor, 1.800 empresas já procuraram o estado em busca de financiamento no valor de U$4 milhões. “É um investimento grande e o Texas não ganha com isso. Cerca de 60% das empresas vão falhar, mas se 5% obtiver sucesso, já valerá a pena”, disse. Nas 176 empresas investidas pelo Fundo, segundo ele, apenas uma foi à falência. “Numa das empresas que deu certo. Nós investimos U$3 milhões e essa mesma empresa foi vendida por U$100 milhões".
Caça – Segundo Taylor, a lei autoriza que a instituição gaste cerca de U$4 milhões para trazer um pesquisador para o Texas, sua equipe e adquirir qualquer equipamento que ele necessite. “Temos U$160 milhões para fazer isso e estamos fazendo. Buscamos os cérebros em todos os países do mundo e faremos isso com o Brasil. A China anunciou em maio que também está em busca de pesquisadores de outros países e que gastará U$ 4 bilhões para fazer isso. É uma competição global”, disse.
“Queremos trazer as melhores idéias e mentes do mundo e ´embrulhá-las` em empresas. E quando a empresa tem sucesso, esse recurso volta para a população”. Ele defende que há mais doutores em Houston do que no Canadá inteiro. “O futuro desse país é o Texas. Já estamos comprando nas universidades de Stanford e Barkeley, na Califórnia ”, gabou-se. Ele disse que nenhuma das empresas brasileiras se candidatou ao fundo, apenas da Austrália, México e Israel. “E as empresas brasileiras, nós ou a China, alguém vai querer roubar”, ironizou.
O investidor de risco, na opinião de Jonathan, quer receber três a quatro vezes o valor investido, mas o Texas, garantiu, só quer receber o recurso investido de volta. “Imagine um programa que crie empregos, cure doenças e que não custe dinheiro. Esse é o nosso programa”. E fez um alerta: “universidades brasileiras, guardem seus pesquisadores porque o estado do Texas está à caça”. E finalizou convidando os participantes da missão a levarem suas empresas para o Texas, confirmando que está aberta a temporada de caça.

Incubadoras e parques tecnológicos dos Estados Unidos recebem delegação mineira





Gestores de onze incubadoras de empresas de base tecnológica de Minas Gerais e representantes da Rede Mineira de Inovação (RMI) e do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), instituições organizadoras da iniciativa, participam nesta semana de uma missão aos estados da Carolina do Norte e Texas, nos Estados Unidos. O objetivo é permitir que os gestores das incubadoras mineiras conheçam os processos internos e os fatores de sucesso dos centros de apoio técnico e gerencial às micro e pequenas empresas nascentes nos Estados Unidos e saber como as incubadoras norte-americanas contribuem para o ambiente de inovação. Haverá também oportunidade para discutir possibilidades de cooperação, incluindo intercâmbio de empresas incubadas e benchmarking.

Nessa segunda-feira (23), as incubadoras participaram de reunião com o presidente do Research Triangle Park (RTP), Rick Weddle. O RTP é o maior e mais antigo parque tecnológico em operação contínua nos Estados Unidos e abriga 170 empresas, desde multinacionais como a IBM a spin-outs e start-ups. Localizado nos municípios de Raleigh, Durham e Cary, na Carolina do Norte, ocentro de inovação possui uma das maiores concentrações de trabalhadores de alta tecnologia no país, com mais de 52 mil funcionários. As incubadoras mineiras também participaram de reuniões com dirigentes de incubadoras como a First Flight Venture Center.

Segundo o presidente da RMI, Rogério Abranches, algumas das incubadoras que fazem parte da missão "estão até um nível acima em tecnologia de incubação, o que mostra que estamos no caminho certo. As incubadoras de empresas de base tecnológica são muito eficazes e Minas Gerais é referencia no Brasil. Por seis anos consecutivos, seis diferentes incubadoras mineiras conquistaram o prêmio de melhor incubadora do Brasil, mas nesse momento temos que dar um salto de qualidade. O Cerne, novo modelo de gestão que está sendo adotado nas incubadoras em Minas, tem exatamente esta proposta, acelerar a graduação de empresas, mas mantendo a mesma qualidade”, disse, referindo-se ao processo atual das incubadoras mineiras, que se preparam para tornar-se um Centro de Referência para Apoio de Novos Empreendimentos (Cerne).

O Cerne é um modelo criado pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) que irá promover melhorias significativas na prospecção, preparação e aceleração dos negócios incubados, além de capacitar as empresas incubadas para um efetivo acesso aos seus mercados, prepará-las para a captação de recursos e torná-las ainda mais atrativas sob o ponto de vista do capital empreendedor e de risco. O modelo pretende também garantir a autossustentação das incubadoras, por meio do êxito de mercado das empresas abrigadas. A previsão é que a certificação seja feita em 2012.

"Uma das incubadoras que visitamos hoje aqui nos Estados Unidos é praticamente autossustentável, não recebe mais recursos de governos e consegue se manter. No Brasil, nós temos que pensar muito nisso". Segundo Abranches, "existem incubadoras autossustentáveis e sustentáveis, e a sustentabilidade é o mais adequado para o nosso caso em Minas, já que os resultados sociais e econômicos das incubadoras mineiras são tão amplos que, por atender os nossos parceiros, interessa a eles continuar nos apoiando e a nós, incubadoras, continuar recebendo", disse.

"E é também interessante o movimento de parques, especialmente em razão do parque tecnológico que visitamos não estar associado a apenas uma universidade, mas a três instituições de ensino superior. É um conceito comunitário muito interessante, são três municípios coordenando o parque tecnológico com uma clara visão coletiva de desenvolvimento", disse.

Expectativas - Segundo o professor Paulo Augusto Nepomuceno Garcia, secretário de Desenvolvimento Tecnológico do Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (CRITT) e Incubadora de Base Tecnológica da Universidade Federal de Juiz de Fora (IBT), a missão é uma ótima oportunidade de visitar instituições reconhecidas internacionalmente, que já tenham know-how no desenvolvimento de empresas de base tecnológica.

"O Brasil hoje passa por um período de crescimento e de interesse por parte de muitos empresários de vários setores e países”, disse. Para Nepomuceno, conhecer os processos de proteção do conhecimento nas instituições será muito útil porque a incubadora de empresas sediada em Juiz de Fora tem atualmente um processo de patenteamento internacional aberto. “Temos aqui empreendedores com capacidade muito grande e essa missão poderá permitir que iniciemos cooperação com instituições dos Estados Unidos para trabalharmos no desenvolvimento de tecnologias futuras em áreas bastante diversificadas”, garantiu. A IBT/CRITT foi fundada há 15 anos, já graduou 23 empresas de base tecnológica e conta atualmente com sete empresas residentes com padrão de qualidade certificado pela norma ISO e um quadro de 50 colaboradores.

Segundo a gestora da Incubadora de Empresas de Design (IED) da Universidade do Estado de Minas Gerais, Samantha Cidaley de Oliveira Moreira, “a intenção é conhecer coisas novas, saber como é o relacionamento das incubadoras dos Estados Unidos com o mercado e internamente, os benefícios, treinamento e consultorias, ouvir o que eles estão propondo e o que têm para oferecer”.

Participam da missão as incubadoras de empresas Habitat (Fundação Biominas), Incit (Itajubá), Origem (Itabira), Incubadora Municipal de Empresas de Santa Rita do Sapucaí (Prointec/IME), Incubadora de Empresas de Base Tecnológica Centev da Universidade Federal de Viçosa (Centev/UFV), Inova da UFMG, Insoft-BH, Inatel, IED/UEMG, CRITT e IBT-CRITT da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).