sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Leia a opinião dos integrantes da missão: pontos positivos, negativos e o que pode ser adotado nas incubadoras de Minas















Angélica Salles – Incubadora Habitat da Biominas 
Algo bastante positivo é que todas as instituições visitadas tem o foco no mercado, eles trabalham para as empresas a questão do mercado, abrem o mercado. E outra questão muito importante é a disponibilidade de recursos do governo. A gente só escuta falar em milhões e milhões. Não que no Brasil não tenha, mas é uma questão de proporção. Achei a missão muito interessante porque não foi focada apenas em incubadoras, não conhecemos apenas incubadoras e o assunto não foi apenas incubadoras. A gente pode ver como eles fazem a comercialização, transferência de tecnologia e inovação, que faz parte do nosso dia a dia e do nosso trabalho. Por isso que acredito que a missão foi muito, muito rica. Eu tive a oportunidade de falar isso muitas vezes para o Bernardo Annoni e para a Andréa Almeida. Com relação à organização, eu não tenho absolutamente nada a queixar. 

O trabalho da intérprete Victoria nos ajudou demais, a questão do deslocamento, que foi fundamental, e a escolha das instituições. Eu gostei muito da visita que a gente fez em Austin, da ferramenta que ele nos mostrou de avaliação de tecnologias. No caso da entidade gestora da Habitat, nós temos uma metodologia para avaliação de tecnologias no nosso setor de life science. Temos clientes importantes, grandes farmacêuticas que nos contratam para fazer isso, para fazer a prospecção dessas tecnologias e avaliá-las, tanto que a minha pergunta para ele foi se eles faziam a valoração e ele disse que sim, mas no final das contas ele não mostrou nada disso. Então eu não sei se eles fazem a valoração, porque é uma coisa muito difícil e é a competência que a gente vem buscando na Biominas. Porque realmente é uma competência. 

Dificuldades que eles também têm, enfim, mas os pontos que eu achei mais positivos e de destaque são o foco no mercado e na comercialização, além dos fundos. Eu acho que o número de casos de empresas investidas no Brasil é pequeno e aqui a gente não vê isso. Eles mostram que já investiram em duzentas empresas. Então eu não sei é critério, se é porque aqui tem bons projetos e lá não tem. E eu acho que ainda é um exercício que eu vou ter que fazer. E acho que nós somos um grupo privilegiado, foi uma grande oportunidade.

Daisy Melo – Incubadora Insoft e Diretora da Rede Mineira de Inovação 
Desde o início da missão temos conversado muito, a discussão foi muito ampla sobre o que foi visto, o que a gente pode levar dessa experiência, a discussão foi muito ampla sobre esta experiência. E ficou nítido o foco que eles têm no mercado. Eu acho que nós entramos em um momento agora, azeitando esta parte de gestão, os processos, quer dizer, muitas incubadoras já têm, mas algumas ainda não. E eu acho que esse ciclo a gente vai fechar com o trabalho que a Rede está fazendo com os parceiros, e passado isso a gente vê claramente que a nossa preocupação deve ser de ajudar as empresas na comercialização de seus produtos e serviços, estar junto com as empresas nesse mercado, ter a visão do desenvolvimento local, preocupar com o desenvolvimento local, mas ter a visão global do negócio dentro das nossas incubadoras. 

Sobre a missão, de uma maneira geral, da organização, a gente teve muito pouco tempo para poder organizar. Bernardo ficou o tempo todo esperando uma agenda, entrando em contato com as pessoas, envolveu o Sebrae e a Rita nos auxiliando pela RMI. De uma maneira geral, pelo pouco tempo que a gente teve, foi muito bom. Fomos muito bem recebidos em todos os locais. E eu penso que é um marco da Rede Mineira de Inovação (RMI) junto com os parceiros. E acho que esse tipo de proposta deve continuar, para quem vai dar continuidade, e eu falo diretamente para quem tem interesse de continuar. E de uma maneira geral muito bom. 

A Angélica falou de um ponto importante, que a missão não focou só as incubadoras, foi também sobre transferência de tecnologia, de inovação e de tudo que a gente pode levar não só para as nossas incubadoras, mas também para as nossas entidades gestoras. Queria salientar também o papel da Secretaria, representado pelo Bernardo, por várias vezes ele foi elogiado pelo inglês, pela postura. Agradecer a Andréa porque acho que a participação dela foi fundamental. Sem ela não estaríamos aqui. Definitivamente acho que fomos muito bem representados, fomos bem recebidos e tudo em razão de um contato anterior.

Professor Luiz Carlos Tonelli – Incubadora Critt da Universidade Federal de Juiz de Fora 
Os problemas enfrentados lá no Brasil também são comuns aqui, sendo que uma das incubadora visitadas também tem dificuldade de recursos. E esse é o ponto positivo: algumas dificuldades que nós temos lá a gente também viu aqui, apesar de estarem sediadas em um país de primeiro mundo, onde a tecnologia está disponível. A gente vê que aquela incubadora que nós visitamos tem dificuldades financeiras, quer dizer, algo que é muito comum para a gente no Brasil. 

Eu achei positivo em termos de comparação, acho que a gente teve a oportunidade de aprender muito boas práticas para levarmos para as nossas incubadoras. Alguma coisa a gente tem que ver com relação à captação, prospecção de empresas. Acho que esse é um ponto fraco para nós e que a gente tem que analisar como fazer essa captação e prospecção. Não sei se todos integrantes da missão tem a mesma opinião, mas pelo menos é o nosso caso. Em relação à missão como um todo, achei excelente, muito bem organizada, superou as minhas expectativas, já que a gente tem participado de alguns eventos que às vezes não tem a mesma eficiência. Muito bom também pela forma que nós pudemos transitar. Apenas um dos locais visitados não foi muito organizado, mas os demais sim, muito bem organizados, principalmente aqui em Houston e em Austin também.

Paulo Nepomuceno – Universidade Federal de Juiz de Fora 
Em primeiro lugar, eu faço um elogio aos organizadores da missão. Eu tive uma experiência prévia em uma missão com o mesmo tema, mas essa missão foi muito mais proveitosa, muito mais objetiva e o aprendizado foi muito maior. A organização está de parabéns porque o trabalho foi excelente. Eu acho que esta missão foi muito boa porque inicialmente a gente viu uma experiência de 50 anos do Research Triangle Park. Então a gente pode perceber como uma política de inovação faz a diferença no desenvolvimento de um local. É uma experiência antiga, internacionalmente reconhecida de sucesso e a gente pode ver in loco quanta riqueza foi gerada nesse projeto do Research Triangle Park e isso nos inspira bastante em continuar nessa caminhada. 

Depois nós viemos para o Texas, uma experiência mais recente de política de inovação. Como nos foi dito no escritório do governo, o Texas tem semelhanças com o estado de Minas Gerais. Nós tínhamos aqui inicialmente uma política e as fontes de recursos vindas do agrobusiness e do petróleo, quer dizer, Minas Gerais tem um pouquinho do leite e do agrobusiness. E que eles sabendo que para que pudessem crescer e serem competitivos, eles tinham que investir em tecnologia e estabelecer uma política de desenvolvimento muito agressiva onde eles criaram realmente uma rede com as universidades, as incubadoras, o governo, a iniciativa privada, permitindo que o desenvolvimento fosse muito eficiente, refletindo no crescimento da economia do estado do Texas. E isso serviu muito de exemplo para todos nós. Eu acho que nós temos que fortalecer essas redes, fortalecer a política no estado, nós temos muitas universidades, muita competência e uma rede já estabelecida. Esse exemplo do Texas nos inspira bastante para continuar nessa linha e cada vez mais sermos arrojados e buscarmos novas alternativas para que a gente realmente conquiste um lugar de destaque não só no Brasil, mas no mundo todo. 

E eu não posso deixar de citar o sucesso desta missão, que está ligado ao compromisso de todos que aqui estiveram. Não teve ninguém que deixou de estar presente numa palestra, foram todos muito dedicados e com o compromisso realmente do aprendizado. E eu tenho experiências anteriores, isso pode parecer um absurdo, mas isso é muito comum, as pessoas darem uma fugidinha para darem um passeio, o que não ocorreu aqui. Então eu gostaria de parabenizar o grupo pelo excelente trabalho e eu tenho certeza que nós representamos o estado de Minas Gerais de forma bastante correta e profissional. Muito obrigado a todos.

Ana Cristina de Alvarenga – Incubadora Origem de Itabira 
O que me deixou surpresa foi a questão dos investimentos, tanto pelo estado do Texas quanto pelos fundos de investimentos das organizações, a rede de anjos. Eles não deixam de dar uma segunda oportunidade para pessoas que erraram em uma primeira vez e que, pelo time, pelas pessoas, pelo negócio, que tenham uma segunda oportunidade de uma ideia nova, uma oportunidade de mercado identificada. Esse apoio pela capacidade das pessoas é muito interessante e a gente não percebe isso no Brasil. Principalmente no que se refere aos fundos de investimentos no Brasil. Se você errou não tem condição mesmo deles apoiarem novamente. É extremamente novo para mim, eu não sabia que isso acontecia. 

O aporte de recursos deles é grande e eles têm muitos recursos, muita coisa boa a gente já sabia, mas não sabia desta segunda oportunidade, o que eu acho ser extremamente positivo. É uma maneira nova que nós temos que olhar. Concordo com tudo o que foi dito pelos outros integrantes da missão. Foi uma oportunidade ímpar presenciar isso tudo que a gente teve aqui, compartilhar esses momentos e tenho que agradecer os parceiros e a companhia de todos, porque eu não aprendi só aqui não, eu aprendi com cada um dos participantes da missão. Obrigada e eu acho que o balanço geral é extremamente positivo.

Ana Maria Serrão – Incubadora Inova da UFMG 
Gostaria de endossar tudo o que foi dito em relação à equipe. Eu sei que para promover uma missão como essa existe um esforço muito grande de todos os envolvidos e também por parte de quem nos recebeu aqui, afinal, fomos tratados como se fôssemos embaixadores mesmo. Fomos recebidos por pessoas de muita importância, tudo foi muito bem organizado. O Bernardo Annoni soube transmitir muita segurança e conduziu as apresentações com muita inteligência e muita sabedoria, o que fez toda a diferença. 

Cada participante fez a sua contribuição e estamos em um momento que a questão da autosustentabilidade é a ‘pedrinha no sapato’ de todos nós e a gente sabe que agora nós também temos que ser empreendedores. Há pouco tempo uma aluna da Geografia da UFMG disse: “mas a incubadora não é empreendedora”, o que nos dá a luz de que temos que ser empreendedores, temos que ser autosustentáveis sim. Então toda a visão que a gente teve das políticas públicas mostra que temos que fazer a nossa parte, que temos que induzir isso no nosso meio, mas que não depende da incubadora sozinha. É lógico que a gente vai batalhar por isso, mas em conjunto vai ser mais fácil. Foi a minha primeira viagem aos Estados Unidos e pela universidade isso seria impossível nos próximos cinqüenta anos. Conhecer outras incubadoras foi fundamental.

Dani Xavier – Prointec de Santa Rita do Sapucaí - 
Eu queria agradecer primeiro ao Sebrae e à Secretaria por esta oportunidade que nos deram, agradecer à Rita e à Daisy pelo esforço na organização desta missão, que foi muito bem preparada, e dizer que assim como todos, estou muito impressionada com tudo o que nós vimos aqui e endosso tudo que já foi dito, especialmente os comentários da Ana Cristina sobre a segunda chance dada aqui. 

E uma coisa que eu observei e achei extremamente interessante foi a participação dos voluntários que são pessoas de um nível altíssimo e que estão prontas para colaborar na seleção e condução dos projetos que se apresentam nas incubadoras. Achei isso fantástico. E outra coisa que observei é que existem pessoas de mais idade envolvidas no processo do que pessoas tão jovens quanto estamos acostumados a ver no Brasil e isso me chamou bastante a atenção.

Geanete Dias Moraes Batista – Incit de Itajubá - 
Endosso todos os comentários e acho que o mais importante foi a união do grupo. Nós não aprendemos só com o que a gente viu aqui, mas com o próprio grupo. Sempre uma pessoa comentava o que está fazendo em sua incubadora e trocamos muitas informações. E eu queria agradecer à organização. É a terceira missão da qual eu participo e eu posso dizer que foi a melhor delas. Eu queria agradecer ao Sebrae, ao Bernardo Annoni e à Daisy Mello e Rita Carvalho. 

Em Itajubá existe uma cobrança muito grande em relação à auto-sustentabilidade da incubadora e a busca por esta autosustentabilidade hoje é a maior cobrança em relação à nossa incubadora. Eu achei que aqui veria algo mais relacionado, mas percebi que eles têm a mesma dificuldade nossa. É uma cultura muito diferente da nossa porque investidor aqui não é problema e investidor no Brasil é, porque temos a cultura de procurar investidos. Em Austin, quando disseram que a incubadora era autosustentável eu vi que não eram. 

Mas valeu essa experiência, a missão foi muito rica e quero agradecer porque foi uma oportunidade ímpar esta que nós tivemos. Esse grupo teve uma oportunidade que eu acho que vocês jamais terão e que coloca Minas Gerais à frente dos demais, privilegiando as instituições do estado. E eu gostaria de acrescentar que não houve nenhum centavo de contrapartida das incubadoras. Qual é o estado que faz isso? Nós temos que agradecer muito ao Sebrae e à Secretaria. Muito obrigada!

Rita Carvalho – Insoft - 
Agradeço a oportunidade. Fiquei impressionada com tudo o que a gente viu aqui na viagem, com os contatos que foram feitos. Acho que isso foi um destaque. Nós não fomos recebidos por qualquer um, muito pelo contrário, eram presidentes das instituições e isso mostrou não só o poder do contato da Secretaria na questão da organização da agenda, como também mostrou o interesse deles pelo Brasil e por Minas Gerais, nos mostrando possibilidades de celebrar parcerias. 

Acho inclusive que Minas Gerais mostrou a força que  tem e eu tenho certeza que eles ficaram impressionados com esse desenvolvimento. Me impressionou muito a qualidade dos contatos. E concordo com tudo que todos falaram. Esse diferencial que a gente foca na questão do ensino da gestão, porque eles são todos técnicos e que todos os nossos incubados são da área técnica e que às vezes não tem tanto uma visão de business, de gestão. A gente foca isso muito lá no Brasil, mas aqui eles focam muito mais no mercado, na comercialização e na busca do capital, coisa que eu acho que a gente não foca tanto e que é necessário.
Comentário da Ana Cristina - Na nossa cultura, você tem que ter um produto ou um serviço para conseguir o recurso e aqui não. Aqui eles já começam a vender desde a ideia.
Comentário da Angélica Salles - As universidades têm esse papel. E como a gente teve mais oportunidade de conversar com universidades do que com incubadoras, a gente vê dentro das instituições de ensino escritórios focados em transferência, comercialização e em buscar recursos.
(Ana Cristina) E é a incubadora com as universidades, independente se a incubadora é da universidade ou não.
(Rita) A gente precisa ter um produto pronto para vender. Eles já começam a procurar antes, quando ainda é uma ideia. Eles comercializam desde a ideia.
(Ana Cristina) O recurso dos fundos está disponível inclusive para as ideias e, no nosso caso, não.

Rogério Abranches – Incubadora do Inatel e Presidente da RMI - 
Tenho que agradecer muito ao Sebrae e à Secretaria. Sou privilegiado por participar deste grupo, fiquei extremamente honrado de estar aqui. Tudo o que a gente viu aqui foi muito bom profissionalmente nessa viagem aos Estados Unidos e tenho certeza que será muito proveitoso para nós. Temos a união do nosso grupo em Minas. Sempre que trabalhamos juntos nós conseguimos romper muitas barreiras. E eu percebo que nós temos conseguido manter uma união muito boa. Fica aqui um desafio para todos nós, manter esse espírito de unidade e essa coletividade. E isso é muito importante. 

No último seminário da Anprotec uma outra rede procurou a Rede Mineira de Inovação e contou sobre conflitos pontuais que eles estavam enfrentando. E eles perguntaram como a gente faz para resolver isso lá em Minas e eu entendo que é porque eles vêem na nossa rede essa união. É aquela velha frase “Todos nós somos melhores juntos do que cada um de nós”. Sobre a sustentabilidade eu queria fazer uma provocação. Sempre tenho falado que existe uma diferença entre sustentabilidade e autosustentabilidade. Esta última é a receita que a incubadora vai gerar a partir dela mesma e que vai conseguir custear todos os custos da incubadora. 

Com a sustentabilidade ela obtém uma boa receita daquilo que ela consegue gerar, mas tem também os stakeholders, os parceiros colocando recursos, o que eu acho que para nós é o mais adequado. Porque no momento em que um parceiro coloca um recurso em uma incubadora boa, que está dando resultados, as metas dos parceiros também são cumpridas. E achei muito interessante o que nós vimos ontem na Universidade Rice porque existe todo um trabalho de empreendedorismo em torno da incubadora. Toda vez que eu realizo um treinamento a primeira pergunta que eu faço para os participantes é: uma incubadora existe para quê? Uns dizem que é para gerar empregos, para gerar patentes, melhorar a economia. E eu falo que tudo isso é maravilhoso, mas é secundário. 

Uma incubadora de empresas existe para graduar empresas de sucesso e ponto final. Os efeitos positivos a partir dessa graduação são vários e o que eu acho que uma incubadora precisa cada vez mais de demanda qualificada. Não dá para fazer milagre. Você pode colocar um projeto ‘capenga’ e ‘despejar’ U$1 milhão em cima dele e não tem jeito. E percebo que cada vez mais as empresas precisam de uma coisa, precisam de mercado. E o foco delas aqui nos Estados Unidos é acesso a mercado, local e internacional.

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